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Foi só dessa vez…

Você tem um portão automático, tanto para conforto, quanto por segurança. A expectativa é que diminuindo o tempo de exposição quando estiver chegando em casa, estará mais seguro, oferecendo menos oportunidade de ação para bandidos. Mas esqueçamos a questão de segurança, vamos tratar de algo ainda mais simples, o direito de um morador ter sua garagem sempre livre para poder entrar e sair com seu carro.

proibido-estacionar“Mas isso é óbvio, pra que escrever sobre isso?”, talvez pense o leitor mais inocente e idealista. A única coisa que é óbvia nisso tudo é que o mundo seria muito melhor se houvesse mais pessoas assim. O bom senso, pequeno sonhador, não se compra na padaria. Muito menos se nasce com ele. Mas deixa explicar minha situação pra ver se arranco alguma empatia de alguém, porque a coisa tá foda!

Minha realidade é esta: moro numa rua residencial, bem perto de um bar-vendinha. E tenho uma garagem. E guia rebaixada. E no portão, uma placa como esta ao lado, de proibido estacionar – para não deixar dúvida, ainda há a ameaça do “sujeito a guincho”. A casa, por fora, tem todos os indícios de ser habitada, mas que não se tenha dúvidas, há duas cadelas que sempre vão se manifestar quando alguém passar na rua ou, adivinhe, parar em frente de casa. Não bastasse isso, o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), em seu artigo 181, no inciso IX, proíbe o estacionamento em guia rebaixada quando defronte a uma garagem. Por este artigo, a infração é média (4 pontos), rende multa (quase R$ 86,00) e pode resultar na remoção do veículo – como se vê, o “sujeito a guincho” não é uma ameaça vazia.

Ainda assim, umas duas vezes por semana – o mais comum é nos finais de semana – eu sempre tenho que enfrentar a situação: um motorista “desavisado” que me impede de entrar ou sair de casa. Normalmente, eu tento lidar com toda minha educação, ou seja, nenhuma: paro o carro atravessado na rua, embicado pra minha garagem. Meu comportamento varia entre ficar buzinando e acelerando insistentemente ou gritar aos quatro ventos “quem é o FDP que não sabe que essa merda é uma garagem?”.

Eu sei que isso parece coisa de animal, de gente incivilizada, mas acredite, já vivi isso antes em outras casas e não consigo vislumbrar uma realidade em que pessoas que estacionam em frente a uma guia rebaixada sejam civilizadas ou sejam capazes de se comunicar senão por grunhidos. Mas observe o curioso rol de desculpas que eu tenho que ouvir, apesar de tudo o que descrevi mais acima. O mais interessante é o sentimento de vítima que todos sustentam:

– Eu não sabia que morava gente.

– Era rapidinho, tava aqui do lado.

– Caramba, não precisa ser tão mal educado.

– Pow, desculpa, foi a primeira vez.

Acho que não vou nem perder tempo comentando as três primeiras desculpas. A quarta, por outro lado… a pessoa pode estar certa, talvez ela realmente tenha estacionado na minha garagem pela primeira vez. Mas não é a primeira vez que eu tenho que ser incomodado por motoristas desleixados. Na realidade, mudam as caras ou os veículos, mas o problema é sempre o mesmo, é sempre na minha garagem.

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